sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

A Folha Vermelha

Para quem não é fumante, principalmente de cigarros artesanais, devo explicar um detalhe, o papel para enrolar o fumo é vendido em um pacotinho que contêm várias folhas. Veja como os comerciantes são expertos, no pacotinho de folhas é inserida uma folha vermelha, ela significa que só faltam 5 folhas para acabar. Isso é que chamo de Marketing, ou seja, encontrou a folha vermelha esta na hora de comprar um novo pacotinho.

A Folha Vermelha
Autor: Miguel Delibes
Título Original: La Hoja Roja

O que fazer ao se aposentar? Eloy, é um ancião que vive esse problema nesta sensível novela e infelizmente não tem a resposta, porém, conta pelo menos com a ajuda de Desi uma jovem, pobre e analfabeta empregada que cuida da casa. A amizade dos dois vai se tornando maior quando Eloy resolve ensinar Desi a ler. Todo problema do livro se concentra no fato que Eloy acha que a morte está chegando pois ele acha que chegou na "folha vermelha" no seu pacotinho de folhas da vida ou como um amigo dele dizia: "antesala de la muerte". Devemos lembrar que estamos na Espanha dos anos 50 e as pessoas se aposentavam aos 70 anos e a expectativa de vida era em torno dos 75 anos.

A história gira em torno de dois protagonistas, Eloy e sua vida de aposentado, seus amigos e sua paixão pela fotografia e Desi uma jovem que sonha em se casar com Picaza (marginal local) e sua vida no humilde povoado que vive. É  interessante observar que tanto Eloy como Desi vislumbram, a sua maneira, o medo de ficar sozinho e acabam em um relacionamento entre Pai e Filha. Deste modo o livro nos faz pensar sobre o final da vida principalmente se (como eu) você estiver a 3/4 de sua vida, isto é, na hora de começar a pensar o que vai fazer quando chegar no último 1/4 (explicação: conta-se que a vida dividi-se em quatro partes, a primeira entre 1 e 20 anos, a segunda entre 20 e 40 anos, a terceira entre 40 e 60 e a última acima dos 60).

É um livro simples, com diversas ideias porém tem um problema, as histórias giram na velocidade das lembranças de Eloy. Então, começamos num fluxo de pensamento A, que muda para B, que vai para C, que retorna a A que abre em D, que gira em B, ou seja, deve-se ler com bastante atenção de modo a não ficar perdido após duas páginas. Como se diz é uma narração angustiante, mas em compensação é um turbilhão de emoções que não lhe deixará triste pelo final da vida, muito pelo contrário, se pensarmos que este último 4/4 da vida se passa de uma maneira mais lenta, ou como o próprio livro diz sobre o relacionamento de Eloy e seu amigo: "Um e outro caminhavam lentamente, com relutância e, como a conversa fluía lentamente também, como com relutância. O relacionamento deles era feito de silêncio e acordos tácitos".

Boa leitura e até a próxima
Fernando Anselmo

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