O livro Comédias para se ler na Escola de Luís Fernando Veríssimo deveria ser classificado como leitura mais que obrigatória. Lembro da minha época de estudante e do trauma que tive com leituras como Machado de Assis, José de Alencar ou outros do mesmo gênero que de tão aborrecidos me fizeram ter medo de pegar em um livro. Medo não é bem a palavra, me fizeram ter horror, um ódio mortal de qualquer coisa que tivesse folhas. Ainda bem que existem obras como Capitães de Areia ou O Coronel e o Lobisomem que me trouxeram de volta a leitura.
Se fosse professor aproveitaria esse excelente livro com suas crônicas fantásticas e usaria como tema para discussão em sala de aula. Em um dos contos um pai dá uma bola de futebol para o filho (que não é de couro mas de um material que não tem o mesmo cheiro) e o filho intrigado pergunta aonde liga. No outro o autor mostra seu vício por leitura chegando ao cúmulo de ligar de madrugada para a recepcionista do hotel perguntando se ela teria qualquer coisa para se ler. Um dos contos que conhecia de outras adaptações foi o do condomínio que prezando demais por sua segurança acaba se transformando numa prisão.
São 35 das mais divertidas crônicas, que como diria uma medida de tempo, muito estranha, é possível ler em 4 sentadas. E foi engraçado perceber como suas crônicas são usadas de forma adaptada por muitas gerações de comediantes. O caso mais simples é da crônica chamada Ator, um trecho diz assim:
O homem chega em casa e se depara com objetos que simbolizam um cenário de filme. Ele se assusta quando, ao abrir a porta do quarto, ouve uma voz: “- Corta!” O diretor diz que ele se enganou na fala com os filhos... confuso, pede para os intrusos saírem de sua casa.
- Corta!
Uma pessoa com seu script na mão diz que ele tem que fingir que está confuso, que não entende nada...
Ele pergunta:
- Mas o que está acontecendo? Quem são vocês?
O diretor diz:
- Ótimo, mas espere estar gravando...
- Gravando o quê? Não vai gravar nada! Diz.
O homem agarra o pescoço do assistente, rola pelo chão.
Agora acesse esse episódio da Porta dos Fundos sobre a promoção dos pratos do Spoletto. É um excelente livro para começar com um bom astral em 2015 e cumprir a meta de 60 livros no ano.
Obrigado e boa leitura
Fernando Anselmo
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