Conto curtíssimo e muito, mas muito bom de outro ganhador do prémio Nobel Gabriel Garcia Marquez sobre um Coronel aposentado que espera receber uma carta com um cheque de sua aposentadoria.
"Ninguém escreve ao Coronel" é a frase que falam na agência de correios de um pequeno vilarejo na Colômbia aonde todas as sextas-feiras um Coronel vai esperar a tão esperada carta com seu pagamento, fazem 15 anos que nada chega.
Vivendo com sua mulher asmática e um galo de briga (deixado por seu filho morto) ele luta para tentar levar o que lhe resta de vida com dignidade, porém vemos que já está nas últimas, sua esperança: "Chegar até janeiro no qual as rinhas vão voltar a abrir e ele pode colocar o galo para brigar e assim conseguir algum dinheiro para tentar sobreviver por mais um ano".
Não espere encontrar aqui um belo conto, o que temos é o melhor de Garcia mostrando um realismo nu e crú de como os pobres se viram (principalmente os mais velhos) para viver dia a dia e ainda ter um certo resquício de dignidade. A cena que para jantar a mulher faz, do milho do galo, canjica para eles é realmente um tapa na cara de muita gente que reclama "de barriga cheia" (ou de "geladeira cheia") que não tem nada para comer.
Vender ou não vender o galo para conseguir algum dinheiro é a questão central que permeia esse curto conto de apenas 95 páginas. As vezes é divertido porém não espere por gargalhadas e mais um daqueles contos que quando acabamos de ler ficamos a meditar será que estamos realmente tirando o melhor da vida?
Boa leitura e até a próxima
Fernando Anselmo
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