Este é o último livro que me faltava ler de Veríssimo, e ele continua a série de crônicas iniciada com o primeiro.
Infelizmente acredito que o ensino nas escolas não é nada atraente, matérias como Química forçam-nos a decorar tabelas periódicas, Geografia a aprendermos coisas que nunca usaremos em toda a nossa vida, a menos que estejamos tentando puxar assunto: Sabia que o Bioma do Cerrado possui uma grande variedade... Matemática que poderia ser a mais útil das matérias nos faz decorar fórmulas simplesmente para passarmos nas provas (qual a fórmula para calcular o volume do Cone? Deve ser para utilizar quando for comprar um sorvete).
Lembro que a única coisa que me trouxe a matéria Literatura foi uma aversão aos livros que só consegui curar anos mais tarde, as crônicas de Veríssimo são divertidas e inteligentes e deveriam ser usadas por toda rede de ensino. Veríssimo defende que a Língua Portuguesa nos torna escravos perante as suas regras.
Este livro está dividido nas seguintes seções: O Planeta em Liquidação que traz contos que vão desde uma história alternativa de Deus quanto a criação do universo a uma visão entre o Otimista e o Pessimista. Passagens são contos rápidos sobre coisas que pode nos acontecer no dia a dia. Grande Família sobre coisas que podem acontecer no lar. Conversas difíceis é aquela coisa quando o Pai chama o Filho para conversar sobre "sexo" (como se o mundo moderno ainda precisasse dessa conversa). Metamorfoses e falando em "mundo moderno" esses contos é sobre as mudanças que podem acontecer. E a última seção sobre Você deve conhecer outros exemplos sobre reflexões.
Acredito que Veríssimo deve receber muitos e-mails começando por: "Na minha vida também ocorre isso...", pois em muitos cantos encontramos referências do que nos pode realmente acontecer, ou que pensamos de modo similar. É uma leitura agradável e engraçada, como no conto Atitude Suspeita:
– Delegado, prendemos este cidadão em atitude suspeita.
– Ah, um daqueles, é? Como era a sua atitude suspeita?
– Suspeita.
– Compreendo. Bom trabalho, rapazes. E o que é que ele alega?
— Diz que não estava fazendo nada e protestou contra a prisão.
– Hmm. Suspeitíssimo. Se fosse inocente, não teria medo de vir dar
explicações.
– Mas eu não tenho o que explicar! Sou inocente!
– É o que todos dizem, meu caro. A sua situação é preta. Temos ordem de
limpar a cidade de pessoas em atitudes suspeitas.
– Mas eu só estava esperando o ônibus!
– Ele fingia que estava esperando um ônibus, delegado. Foi o que despertou
a nossa suspeita.
– Ah! Aposto que não havia nem uma parada de ônibus por perto. Como é
que ele explicou isso?
– Havia uma parada sim, delegado. O que confirmou a nossa suspeita. Ele
obviamente escolheu uma parada de ônibus para fingir que esperava o ônibus
sem despertar suspeita.
Obrigado e boa leitura
Fernando Anselmo
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