terça-feira, 17 de novembro de 2015

Meta 2015 - 49 de 60 - O Contrabaixo

"O Perfume" é a obra mais conhecida do escritor Alemão Patrick Süskind, que possui um jeito de escrever único que transforma seus personagens (até o mais perverso deles) em alguém muito querido.

O Contrabaixo é um monólogo com tom de entrevista aonde um contrabaixista descreve sua vida como tocador de Contrabaixo e músico contratado oficialmente da Orquestra Nacional Alemã (uma espécie de funcionário público). Possui um posto oficial, não necessita praticar demasiado e não tem nenhuma preocupação econômica, porém não se sente livre e nem conhecido. Existe uma relação de amor e ódio pelo instrumento:

“Você pode perguntar a qualquer um. Qualquer músico lhe confirmará de bom grado que uma orquestra pode prescindir do maestro, mas nunca do contrabaixo. As orquestras tocam sem maestros durante séculos; na história da evolução musical, o maestro é um invento muito recente. No século XIX. Eu também posso lhe confirmar que inclusive nós, os da orquestra nacional podemos tocar sem fazer o menor caso do maestro. E passá-lo por alto. As vezes tocamos passando por alto o maestro sem que ele se de conta. Lhe deixamos dar umas pinceladas no ar até que se canse enquanto pateamos o solo com as botas. (…) São prazeres muito secretos que quase não se deve mencionar.”

Chamo-o de contrabaixista, pois em momento nenhum do livro aparece seu nome. O único nome que aparece durante toda obra é o de uma soprano chamada Sarah por quem o contrabaixista está apaixonado. Ela nunca, nos ensaios nunca se dignou a olhar em seus olhos, enquanto que ele sonha em se declarar com um grito de amor durante uma apresentação na qual ela finalmente se dará conta de sua existência e ele será expulso da orquestra. Ele odeia a seguridade que seu emprego fornece porém não se sente valente para abandoná-lo.

Porém, como ele mesmo se declara, o instrumento o faz ser um solitário. E essa é uma característica dos personagens principais de Süskind, a solidão. Jonathan Noel (A Pomba) e Grenouille (O Perfume) eram personagens terrivelmente solitários, tanto que a maior preocupação de Noel era criar uma couraça de monotonia protetora contra o inesperado, enquanto que Grenouille a criação do cheiro da própria beleza sem se preocupar com mais nada ao redor.

Pela obra passam as composições mais conhecidas, de óperas importantes. Se capta o mistério da música através da perspicácia do contrabaixista.

Obrigado e boa leitura
Fernando Anselmo

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Meta 2015 - 48 de 60 - Uma Ninhada de Serpentes

Michael Clynes é um escritor de História Medieval no estilo investigativa (posso compará-lo a Umberto Eco em O Nome da Rosa), este livro é a quarta parte das memórias de Roger Shallow. Mas não se preocupe, não é necessário ler os anteriores para entender a história.

Estamos no verão de 1523. Benjamin Daunbey, sobrinho de Tomás Wosley, que é arcebispo e conselheiro do Rei Henrique VIII, e seu assistente Roger Shallow, recebem uma carta para se dirigirem imediatamente a Londres para investigar o assassinato de Francesco Abrizzi, um enviado florentino que fazia uma visita ao Rei em companhia de sua família.

Após uma série de investigação em Londres ambos terão que acompanhar a família Abrizzi de volta a Florença, onde enfrentarão as intrigas dos Médici e da guarda secreta dos Oito. Agora um novo assassinato ocorre dentro da corte do Rei Enrique VIII, o Gordo, ou o Escuro.

É um livro que mostra toda a podridão da corte, tanto Inglesa como Florentina. E a grande diferença que existia entre as várias classes sociais da época. Como uma marca de identidade da série, toda historia é narrada por Shallow em sua velhice a um escriba cujas intervenções no relato resultam sempre irônicas e divertidas dando o contraponto necessário a tensa história.

Quando toda trama é finalmente revelada, observamos que os fatos históricos que aconteceram naquela época ficam muito bem sustentados, tornando a história do livro em uma peça creível.

Obrigado e boa leitura
Fernando Anselmo