sábado, 15 de fevereiro de 2014

O Oito

Pelo título pensava em se tratar de mais um livro sobre assassinatos em série, mas qual foi minha surpresa ao descobrir que é uma história basicamente sobre Xadrez. Acabou por se tornar uma ótima surpresa com um livro bem interessante onde a história se passa desde a época medieval até aos dias atuais, algo em torno de 1790 até 1973, com a busca do misterioso e fictício Xadrez de Montglane que pertenceu a Carlos Magno e foi um presente dos Mulçumanos.

O Enigma do Oito
Autora: Katherine Neville
Título Original: The Eight

Duas noviças da abadia de Montglane, Valentine e Mireille são enviadas a França com uma missão, cada uma vai com uma peça do famoso xadrez de Carlos Magno que conta a lenda possuía poderes misticos com o objetivo de escondê-las pois o convento está correndo o risco de ser fechado. A partir deste ponto várias histórias se misturam e todas giram em torno de um jogo em busca desse irreal xadrez. Para aqueles (que como eu) adoram jogar xadrez e uma boa história este é um prato cheio, no livro muitos personagens históricos aparecem, tais como, Napoleão, Robespierre, Rousseau, Giacomo Casanova, Muammar al-Gaddafi, William Blake, Voltaire, Isaac Newton, Catarina a Grande e o próprio Carlos Magno em uma inusitada partida de Xadrez. Também são retratados alguns importantes acontecimentos históricos, tai como, a Queda da Bastilha, a Revolução Francesa e as pesquisas de Napoleão no Egito.

Obviamente que em um livro como este não podia faltar muita fantasia, então Alquimia, a Pedra Filosofal e a Fonte da Juventude são também tratados. É uma maravilhosa história de descobertas como por exemplo a explicação para "O Passeio do Cavalo" que é um problema matemático envolvendo o movimento da peça do cavalo no tabuleiro de xadrez, no qual esta deve percorrer todo o tabuleiro sem repetir qualquer casa que já tenha passado. Se gosta de numerologia o livro tem este título por causa do seguinte:

  • 8 foram os mouros que transportaram o Xadrez para Carlos Magno.
  • 8 é um número místico em várias culturas.
  • 8 são as casas horizontais e verticais em um tabuleiro de xadrez.
  • 4 vezes 8 são as peças de xadrez.
  • 8 vezes 8 são as casas que contém um tabuleiro de xadrez.
  • E se desvendar outros "8" que aparecem no livro este começa a perder a graça.
  • E um 8 deitado é a forma do infinito.

Agora a parte mais atraente do livro é sem dúvida Lily e seu cachorrinho de estimação "Carioca". Este cachorro é digno de Milú (cachorro do personagem Tintin), é muito divertido todas as confusões na qual ele se mete, inclusive ao morder a perna do Chefe da Polícia Secreta de Argélia em uma cena que tive que parar a leitura por vários minutos para conseguir parar de rir.

Boa Leitura e até a próxima
Fernando Anselmo

sábado, 8 de fevereiro de 2014

Politicamente Incorreto

Essa semana terminei a leitura desse livro e queria aproveitar, e antes de perder o fio da meada, comentá-lo. Primeiro, concordo com o autor algumas coisas que aprendi na escola deveriam ser revistas mas simplesmente não são, por exemplo, aprendi que a Feijoada foi criada pelos escravos, para diferenciar do Feijão Branco (e também para não roubar) os escravos tinham sua ração em Feijão Preto e carnes menos nobres do porco (tais como, pé, orelha) como era muito difícil de cozinhar e demorava muito tempo, simplesmente era colocado para cozinhar tudo junto dando origem assim ao prato. Segundo o autor uma bela mentira inventada, pois a origem do prato é Européia em uma técnica que descende do Império Romano.

No livro o autor conta: "O cassoulet, da França, criado no século XIV, é parecidíssimo com a feijoada feito com feijão branco, linguiça, salsicha e carne de porco. Com o feijão preto, espécie nativa da América que os europeus adoraram, o prato tornou-se atração entre os brasileiros mais endinheirados. A citação mais antiga que restou sobre a feijoada mostra a refeição bem longe das senzalas. No Diário de Pernambuco de 7 de agosto de 1833, o elegante Hotel Théatre, do Recife, informa sobre a sua nova atração das quintas-feiras: Feijoada à Brasileira".

Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil
Autor: Leandro Narloch

O livro simplesmente é uma facada nos livros de história, usando como referência textos e pesquisas obtidos por diversas fontes mostra os erros mais grosseiros nos livros utilizados nas escolas. Santos Dumont, Aleijadinho, Lampião e Carlos Prestes, são alguns dos personagens que tem a vida esmiuçada (e destruída) pelo autor. Mas como se diz, vamos começar pelo início, os índios não viviam em paz nem com a natureza e muito menos com seus vizinhos guerras eram uma coisa muito comum assim como queimadas que eles usavam desde a caça até a limpeza do terreno para plantar e quando os Europeus chegaram encontraram um povo vivendo de Mandioca e Amendoim (as únicas culturas da época).

Negros Escravos a primeira coisa que faziam quando conseguiam comprar a liberdade era... comprar um escravo, isso mesmo, casos de Negros que eram donos de vários escravos são relatados no livro, acha que acabou por aí? Viver nos Quilombos era a mesma coisa que ser Médico Cubano e vir para o Brasil no programa Médicos para Todos. Era um verdadeiro inferno e muitas vezes não se tinha para onde escapar.

Recomendo que ao ler, o faça com a mente mais aberta possível e não se deve ater aos velhos preconceitos. Sobre a Guerra do Paraguai, o então presidente paraguaio Francisco Solano López era um ditador louco que levou seu país ao completo afundamento. Santos Dumont um homossexual afetado que apenas queria aparecer e nem de longe inventou o avião no máximo uma máquina que dava saltinhos. Aleijadinho não era como "O Corcunda de Notre-Dame" e possui apenas uma doença de pele suas obras nada tinham de especial. Outro afetado era Lampião que adorava passear de carro com roupas pra lá de estranhas e puxava o saco dos coronéis. Carlos Prestes e Olga ganham um capítulo especial, só para se ter uma ideia, Carlos é tido como um completo idiota que estragou todos os planos dos Comunistas.

Bem, como disse o livro é um tapa na cara dos livros de história e ainda existem muitos mais casos expostos, e se vai ler o faça com a mente totalmente aberta. Falando nisso a palavra "mingau" deriva da pasta feita com as vísceras cozidas do prisioneiro devorado pelos tupinambás.

Boa Leitura e até a próxima
Fernando Anselmo