sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Dresden um Bruxo do Além

Acho muito difícil hoje em dia um autor de fantasia criar algo do totalmente zero, por exemplo na época que Tolkien escreveu o Senhor dos Anéis criou junto 22 idiomas para as raças, além das criaturas como Orcs, Elfos e Ents que simplesmente não existiam além de uma história completamente original. J. K. Rowling ao criar seu bruxinho Harry Potter já o fez com base em milhares de referências existentes e na série toda não existe uma única referência de algo que já não se tenha escrito antes, talvez a única coisa original seja o Jogo de Quadribol (se tirarmos a referência ao Beisebol). Antes que seja alvo de críticas por dizer isso, vamos ao livro.

Tormenta - Livro 01 da Saga de Dresden
Autor: Jim Butcher
Título Original: Storm Front - Book One of the Dresden Files

O narrador e personagem principal Harry Dresden é um bruxo que vive em Chicago, faz um bico de consultor da polícia e está nas páginas amarelas, e o livro é como se estivesse lendo o seu diário. Até aí bem original, se não fossem todas as referências ao sobrenatural e o modo como Dresden pratica a alta magia, é simplesmente impossível não pensar no personagem Constantine da Vertigo (que infelizmente ganhou um filme horrível). Em muita coisa os personagens divergem completamente, porém ambos tem em comum uma grande dose de ironia principalmente quando se trata de magia ou quando estão lidando com os inimigos.

Este é o primeiro de uma série de 13 livros já lançados (já encomendei todos para ler) no qual Dresden é chamado para verificar um terrível assassinato que foi praticado por um ato de magia negra, algo totalmente proibido pelo Conselho dos Magos Brancos (uma espécie de juri que julga a conduta dos magos), o que termina por colocar o próprio Dresden como principal suspeito, então o bruxo vai ter que enfrentar Demônios, Escorpiões Gigantes, Vampiros, Gangsteres e outros magos para tentar provar sua inocência.

Apesar de ser considerado um Libro de Bolsillo, para quem é fissurado neste tipo de literatura vai ter divertimento garantido com cenas como fadas adorarem pizza ou um demônio com a forma de um sapo. A legião de fãs existentes para esse bruxo é grande e já criaram até uma espécie de fã movie (um filme não oficial feito por fãs) que pode ser encontrado no youtube e quem sabe em breve não teremos um filme oficial realizado por algum grande estúdio (pelamordedeus sem Keanu Reeves no papel principal, apesar de seu personagem estar mais para Dresden que Constantine, acho que deram o roteiro errado do filme).

Então se você curte literatura fantástica do tipo Percy Jackson ou Mundodisco com certeza ficará bastante entusiasmado com Dresden.

Boa leitura e até a próxima
Fernando Anselmo

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

A Marca do Herege

O que pensar de um título desses? Pensei que estava na mão mais um livro sobre a idade média, ledo engado o que tinha na mão era mais um suspense policial e dessa vez no estilo de "A Garota com a Tatuagem de Dragão" da Trilogia Millenium.

A Marca do Herege
Autora: Susana Fortes
Título Original: La huella del hereje 

A obra envolve Santiago de Compostela (visita obrigatória de todo peregrino), onde na catedral é encontrado o corpo de uma jovem vítima de um assassinato e ao mesmo tempo desaparece da Biblioteca da Universidade um manuscrito de Prisciliano (um conhecido herege galego). A partir dessa trama, dois personagens tentam desvendar esse mistério, o subcomissário Lois Castro que é um policial a moda antiga e Laura Márquez uma jovem periodista que deseja ascender na carreira e conta com a ajuda de Villamil um repórter veterano. Do mesmo modo que Lisbeth Salander, a jovem Laura é uma espécie de hacker, lutadora de rua (só que no caso dela é esgrima) e totalmente a parte da sociedade.

No meio do caminho dos descobrimentos entram ecologistas, peregrinos, professores, seitas e padres com suas próprias ideias de salvação. Devo comentar também que a autora é licenciada em Geografia e História pela Universidade de Santiago de Compostela então, prepare-se, pois o conhecimento transmitido no livro desta cidade é incrível. Não espere porém encontrar um "Guia do Peregrino", em momento nenhum "O Caminho" é citado, apenas suas histórias, como por exemplo nesta referência sobre a "Concha" (símbolo do peregrino) que é usada como um cinzeiro por um padre:

A atmosfera estava quente lá dentro, e cheirava ao café que começava a borbulhar no fogão de ferro. Laura pediu permissão para colocar o gravador em cima da mesinha de centro. Uma concha servia às vezes como um cinzeiro. Tinha as bordas amareladas de nicotina. Havia várias espalhadas por todo o quarto. Márquez levou-se pela curiosidade. 
- O símbolo da peregrinação jacobina - disse colocando-a na mão -. Pelo que sei, foi também o emblema dos seguidores de Prisciliano . 
- Vejo que está bem informada - sorrio o pároco -. Podemos verificar as seguintes coincidências, sabes que o caminho em torno à Galícia empreendido pelos discípulos de Prisciliano com o corpo do mártir segue o mesmo itinerário ao longo dos séculos se converteria na rota de peregrinação jacobina. 
- Não, eu não sabia... 
- Embora existam aqueles que pensam que o caminho reproduz uma antiga rota druida - adicionou o padre como quem não quer a coisa -. Veja bem, há teorias para todos os gostos. Sobre o que você diz sobre a concha - continuou ele - foi seu discípulo, Prócula, quem adotou o símbolo quando priscilianistas refugiaram-se na Galícia depois de serem expulso da Aquitânia. 
- De pouco serviu esse abrigo. Também aqui foram perseguidos . 
- É claro - o pároco concordou, balançando a cabeça algumas vezes para cima e para baixo -, mas nunca chegaram a acabar com todos eles. Todo o Noroeste era deles, e a Igreja sabia. A Irmandade tornou-se uma sociedade secreta com um poder enorme. Tanto o Papa Inocêncio I, em 404, teve que solicitar a ajuda do imperador Honório para impedir sua expansão.

Resumidamente, este é um livro carregado de histórias, com um raro suspense policial para não se preocupar pois nos últimos capítulos tudo será esclarecido, porém fica um gostinho de saber mais sobre o que acontece com os personagens principais.

Boa leitura e até a próxima
Fernando Anselmo

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

O Alfabeto de Babel

Que tudo o colocado no Antigo Testamento são simples histórias referenciais e nada pode ser levado ao pé da letra acredito que todos, os não fanáticos, sabemos. Só que infelizmente existem pessoas que levam tudo ao total pé da letra pelo menos daí nascem boas histórias. Neste livro vamos descobrir o que vem a ser realmente "A Torre de Babel" no bom estilo de Dan Brown e Clive Cussler. Antes uma curiosidade, na língua primordial foi escrito o nome de Deus, que segundo as sagradas escrituras NUNCA deve ser pronunciado (tanto que se reparar existe um mandamento "Não falarás o nome de Deus em vão") com o risco de finalizar a criação.

O Alfabeto de Babel
Autor: Francisco J. de Lys
Original: El Alfabeto de Babel

A história é bem simples Gabriel Grieg, um arquiteto de Barcelona, recebe a visita de Catherine, uma bela jovem que o adverte que só tem 24 horas para escapar da morte (isso me fez lembrar de "O Código da Vinci"). O problema que este livro é bem diferente do estilo de Dan Brown e existe um excesso de informação e uma falta de ação. Somente mais da metade do livro aparece o vilão principal (no qual ainda ficamos da dúvida se realmente é o vilão). Resultado! Como livro para conhecer muitos detalhes da história da "Torre de Babel" é bem interessante além das profundidades da Igreja (Opa! agora vamos de "Anjos e Demônios", inclusive com referências ao conclave).

Além desses livros já citados temos mais algumas interessantes referências como o clássico "A Ilha do Tesouro" de  Robert Louis Stevenson (inclusive Gabriel consegue um exemplar autografado). A vida do arquiteto Antoní Gaudi, que morreu atropelado, foi confundido com um mendigo e quase enterrado como anônimo, e a sua obra máxima "A Sagrada Família". Além disso, existe uma frase que Gabriel cita que não conhece o autor: "A morte é uma caçadora tão implacável e segura de suas próprias forças que nos dá toda uma vida de vantagem antes de pegar-nos" (se estou correto li uma frase similar em "O Guia do Mochileiro das Galáxias" de Douglas Adams).

Toda a ação do livro se passa em 52 horas da vida de Gabriel, e como disse com muita, muita e muita informação, mas infelizmente muito pouca ação. Se deseja um livro "de ação para pensar" (essa frase ficou bem estranha) este é o livro ideal para ler pois no máximo consigo classificá-lo em um livro de referências e com uma interessante história.

Boa leitura e até a próxima
Fernando Anselmo

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

A Folha Vermelha

Para quem não é fumante, principalmente de cigarros artesanais, devo explicar um detalhe, o papel para enrolar o fumo é vendido em um pacotinho que contêm várias folhas. Veja como os comerciantes são expertos, no pacotinho de folhas é inserida uma folha vermelha, ela significa que só faltam 5 folhas para acabar. Isso é que chamo de Marketing, ou seja, encontrou a folha vermelha esta na hora de comprar um novo pacotinho.

A Folha Vermelha
Autor: Miguel Delibes
Título Original: La Hoja Roja

O que fazer ao se aposentar? Eloy, é um ancião que vive esse problema nesta sensível novela e infelizmente não tem a resposta, porém, conta pelo menos com a ajuda de Desi uma jovem, pobre e analfabeta empregada que cuida da casa. A amizade dos dois vai se tornando maior quando Eloy resolve ensinar Desi a ler. Todo problema do livro se concentra no fato que Eloy acha que a morte está chegando pois ele acha que chegou na "folha vermelha" no seu pacotinho de folhas da vida ou como um amigo dele dizia: "antesala de la muerte". Devemos lembrar que estamos na Espanha dos anos 50 e as pessoas se aposentavam aos 70 anos e a expectativa de vida era em torno dos 75 anos.

A história gira em torno de dois protagonistas, Eloy e sua vida de aposentado, seus amigos e sua paixão pela fotografia e Desi uma jovem que sonha em se casar com Picaza (marginal local) e sua vida no humilde povoado que vive. É  interessante observar que tanto Eloy como Desi vislumbram, a sua maneira, o medo de ficar sozinho e acabam em um relacionamento entre Pai e Filha. Deste modo o livro nos faz pensar sobre o final da vida principalmente se (como eu) você estiver a 3/4 de sua vida, isto é, na hora de começar a pensar o que vai fazer quando chegar no último 1/4 (explicação: conta-se que a vida dividi-se em quatro partes, a primeira entre 1 e 20 anos, a segunda entre 20 e 40 anos, a terceira entre 40 e 60 e a última acima dos 60).

É um livro simples, com diversas ideias porém tem um problema, as histórias giram na velocidade das lembranças de Eloy. Então, começamos num fluxo de pensamento A, que muda para B, que vai para C, que retorna a A que abre em D, que gira em B, ou seja, deve-se ler com bastante atenção de modo a não ficar perdido após duas páginas. Como se diz é uma narração angustiante, mas em compensação é um turbilhão de emoções que não lhe deixará triste pelo final da vida, muito pelo contrário, se pensarmos que este último 4/4 da vida se passa de uma maneira mais lenta, ou como o próprio livro diz sobre o relacionamento de Eloy e seu amigo: "Um e outro caminhavam lentamente, com relutância e, como a conversa fluía lentamente também, como com relutância. O relacionamento deles era feito de silêncio e acordos tácitos".

Boa leitura e até a próxima
Fernando Anselmo

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

O Caderno

Devo confessar que sou um sentimental em relação a histórias de amor, tais como em filmes como "Mensagem para Você" que me agradam filmes os finais felizes, choro muito quando o mocinho beija a mocinha e tudo acaba em flores tem muitos filhinhos e vivem felizes para sempre. Antes de começar vamos a uma pequena poesia de Noah: Nestas últimas e ternas horas, o amor é sensível e puro Vem, luz da manhã, com seu luminoso poder para despertar meu amor eterno.

O Diário de uma paixão
Autor: Nicholas Spark
Título Original: The Notebook

Ridiculamente escolheram um título tão meloso para um excelente livro, rezo para que um dia essa mania chata de mudar os títulos termine. Este é um livro com várias histórias em uma, a história começa na época atual onde um ancião que está em um hospital vai ao quarto de uma mulher que sofre de Alzheimer para lhe ler uma história sobre o que aconteceu no verão de 1946 com Noah e Allie, contar o que aconteceu após uma amarga separação porque eram de níveis sociais diferentes, até seu reencontro anos mais tarde onde Noah tinha comprado a casa de seus sonhos e Allie se encontrava prometida para casar com outro homem.

Sim é uma grande história de amor e pense em filmes como "Meu primeiro amor" e "As Pontes de Maddison" juntos, é de ficar com o coração na mão a cada página implorando para que os dois terminem juntos. Não pretendo estragar um sensível final mas como disse o livro conseguiu me arrancar várias e várias lágrimas, parecia que tinha descascado um saco de cebolas enquanto lia. Uma das cenas do reencontro é simplesmente maravilhosa de se ler e imaginar:

Estavam no meio de um pequeno lago, alimentado pelas águas do Rio Creek. Não era grande, talvez uma centena de metros de largura, mas Allie estava surpresa que apenas alguns segundos antes, estava completamente escondido da vista.
Era espetacular . Estavam literalmente rodeado por cisnes e patos selvagens. Milhares de aves. Algumas nadavam tão perto que não dava para ver à água. De longe, os grupos de cisnes pareciam com icebergs.
- Oh, Noah ! Finalmente disse baixinho, é lindo!
Observavam a cena em silêncio por um longo tempo. Noah apontou para um grupo de filhotes recém-nascidos que seguiam um bando de gansos ao longo da costa, lutando para se recuperar. Enquanto o barco singrava as águas, o ar estava cheio de gritos e silvos . A maioria das aves mostraram-se totalmente indiferente à sua presença. As únicas que que se fixavam nelas eram as que foram forçadas a se mudar para dar passagem a canoa. Allie estendeu a mão e tocou os cisnes mais próximos, sentindo as penas cerdas sob seus dedos. Noah entregou-lhe o saco de pão. Ela jogou migalhas de água, favorecendo os mais jovens, e riu-se ao vê-los nadando em círculos, à procura de comida.

Em 2004, foi realizado o filme dirigido por Nick Cassavetes e protagonizado por Ryan Gosling e Rachel McAdams nos papéis principais. Devo confessar que não assisti ao filme, porém vendo o trailer me pareceu bem fiel ao livro e me trouxeram várias lembranças e mais algumas lágrimas (pode isso, chorar vendo um trailer? Já disse sou um sentimental):


Agora com licença que vou comprar alguns Klinex e passar em uma boa locadora para corrigir essa minha falha cinematográfica (repare que a cena dos Cisnes está presente no trailer).

Obrigado e Boa Leitura
Fernando Anselmo

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

O Inquisidor

Catherine Jinks, é australiana, e estudou na Universidade de Sidney e obteve a Licenciatura em História Medieval, em 1993 se dedicou exclusivamente a literatura e sua especialidade é a novela de história medieval. Agora vamos ao livro.

O Inquisidor
Autora: Catherine Jinks
Titulo Original: The Inquisitor

Devo confessar que adoro as histórias de Bernard Cornwell, sendo na minha opinião o melhor escritor desse gênero, já tinha lido "O Escrivão" de Catherine e fiquei bem intrigado com seu estilo, uma história policial ambientada nos tempos medievais e não deixa nada a desejar para "O Nome da Rosa", então quando tive a oportunidade comecei a ler este novo livro. São livros diferentes com histórias diferentes e pontos de vistas diferentes só que alguns personagens simplesmente se cruzam.


Neste livro, é narrada a história do Inquisidor Padre Bernard Peyre que faz parte do combate a Depravação Herética dos fatos ocorridos na França do Século XIV no qual seu superior Padre Augustin é brutalmente assassinado e esquartejado. Para complicar mais a situação seu inimigo Pierre-Julien chega para substituir Augustin como seu superior. As diferenças de opiniões entre os dois é exporta claramente neste pequeno diálogo:

- Por exemplo, Casseras foi revistada com o intuito de encontrar textos mágicos? - perguntou ele (Pierre), com persistente zelo.
- Foi revistada. Não se encontrou nada de natureza suspeita.
- Nada? Nenhumas facas escondidas, ganchos, foices nem agulhas? Não havia galos nem gatos pretos?
- Não faço ideia. Foi Roger Descalquencs que conduziu a busca.
- E os aldeões - interrogaste-los com respeito ao seu conhecimento de bruxaria?
- Como podia eu fazê-lo? - mais uma vez, a minha raiva acendeu-se. - Irmão, o Santo Ofício não foi intimado a preocupar-se com adivinhação!
- Mesmo assim, sinto que chegou a hora - respondeu Pierre-Julien. Pareceu pensar por um momento. - Quando voltardes a interrogar suspeitos ou testemunhas em relação a este assunto, perguntai-lhes que substâncias comeram ou lhes deram a comer - unhas, cabelo, sangue e coisas do género. Perguntai-lhes que conhecimentos possuem para fazerem com que as mulheres estéreis concebam, ou com respeito à discórdia entre maridos e mulheres, ou a crianças que morrem ou que se curam miraculosamente.
- Irmão... - Perguntai-lhes se viram ou usaram imagens de cera ou de chumbo; e também, sobre os métodos de apanhar ervas, e sobre roubos dentro da aldeia, sobre o crisma ou o óleo Santo ou sobre o sacramento do corpo de Cristo...

Devemos lembrar que a Inquisição foi um dos piores períodos da Igreja Católica na qual muitos inocentes eram simplesmente acusados simplesmente por não agradar a seus vizinhos. Vamos imaginar o seguinte, foi acusado de bruxaria é levado para a prisão, e lá tem a chance de confessar por livre e espontânea vontade ou sob tortura, ou seja, de um jeito ou de outro seu destino será o Garrote caso se arrependa (uma morte rápida por enforcamento como em "Coração Valente") ou na fogueira.

O que mais gosto dessa autora, assim como Bernard, é seu alto conhecimento da história medieval, então acaba-se sentindo em plena época onde os pobres morrem sem a menor consideração, a terra vale mais que qualquer vida humana, qualquer tipo de doença psicológica é considerada possessão demoníaca e os ricos são os todo poderosos (note que falei história medieval, ainda bem que os tempos são outros). Brincadeiras a parte, foi realmente um período bem negro, muitas poucas pessoas sabiam ler e isso fica bem claro em ambos os livros (esse e "O Nome da Rosa") o que vem a demonstrar que sem esse conhecimento as probabilidades de sobrevivência são extremamente curtas.

Então se desejar conhecer os métodos como a Igreja agia em relação as pessoas condenadas por bruxaria não deixe de ler "O Inquisidor" ou "O Escrivão". Os dois livros são excelente mudando apenas o foco de quem escreve.

Obrigado e boa leitura
Fernando Anselmo


quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Vários comentários de livros

Devo dizer que possuo outro blog "oficial" chamado "Decus in Labore" (Dedicação ao Trabalho) que trata de assuntos como Informática, Linguagens, Design e algumas outras coisas que podem ajudar quanto a sua Empregabilidade tal como lhe manter bem atualizado.

Só que neste blog escrevi algumas postagens sobre Literatura, simplesmente pelo prazer de escrevê-los e pode não ter muito a ver com o tema principal do blog (porém queria escrevê-las de qualquer forma). E essa semana fiquei me debatendo se não seria melhor movê-las para cá, o problema é que este blog foi criado em outra época e não quero "contaminá-lo", só que também não desejo perder as ideias que escrevi no outro. A solução que encontrei foi simples, abaixo podemos acessar todas as postagens que realizei sobre o tema e assim espero que possa entender um pouco melhor qual o objetivo deste blog:

Recomendo que comece com esse link de forma que possa me conhecer melhor O prazer de ler e escrever.

Sobre os Livros:
Sobre os autores:
Além disso, aqui tem uma excelente fonte para conseguir audiolivros gratuitamente e sem fazer pirataria Librivox e uma homenagem ao Pai do E-Book.

Obrigado e Boa Leitura
Fernando Anselmo

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

O Livro que deu origem a esse Blog

"Perdoa-me por ir te buscando tão torpemente, dentro de ti. Perdoa-me a dor, de alguma vez. É que quero tirar o melhor de você." (PEDRO SALINAS, La voz a ti debida). Estranho começar essa postagem assim, fora do autor do livro, mas é esta frase está nos créditos do livro que leva o nome deste blog, vamos conhecê-lo.

O Blog do Inquisidor
Autor: Lorenzo Silva
Título Original: El Blog del Inquisidor

Logo no início Lorenzo nos deixa com uma dúvida terrível, teria ou não escrito este livro? Pois suas palavras iniciais são: "Embora que o azar tenha me deparado com a oportunidade ou a obrigação de publicar-lo, não fui eu quem escreveu este livro", e continua nos contando que o livro foi escrito por alguém e ele o encontrou perdido na Internet (já não está mais disponível) e que simplesmente o traduziu (da língua inglesa) e o publicou. Golpe de Marketing? Estava se referindo a si mesmo ou a Teresa? Não sei, pois este é um livro que abre espaço a muitas perguntas e a muitos julgamentos.

O livro trata de uma historiadora, Teresa Valle, que encontra na Internet um blog contendo postagens intituladas "Caderno do Inquisidor", e nos remete a Espanha do Século 17 e trata do julgamento por heresia das Monjas e do Abade de um convento, só que o Blog está incompleto, faltando algo. Então Teresa tenta e consegue entrar em contato com seu autor, uma tal de Inquisidor, o que transforma o livro em duas histórias, o intenso relacionamento entre Teresa e o Inquisidor e os acontecimentos ocorridos no convento.

Não pense é um livro tenso muito pelo contrário, sua leitura é por demais agradável e interessante, tanto que devo confessar por muitas vezes li um determinado trecho mais de uma vez para fixar bem a ideia que o autor desejou passar. Um dos momentos mágicos do livro é quando o Inquisidor conta que estabeleceu uma teoria sobre os dois tipos de pessoas existentes: "Os Contábeis" e "Os Pródigos" (leia o texto completo aqui). Na minha opinião este é um livro que me trouxe muitos detalhes a tona, pois compartilho muitas das opiniões do Inquisidor, por exemplo veja essa a respeito do sexo: "Sou Heterossexual. Não entendo como um desprezo a outras opções. Provavelmente seja uma limitação de minha parte. Isso me passa como com o fumo. Se não fumo não é por motivos de saúde ou porque não queira cair no vício. Apenas nunca fui capaz de encontrar um motivo".

Um livro que mereceu ter o nome deste blog pois fiquei muito satisfeito de ter encontrado um bom livro que posso grafar algumas partes e usá-las como referências futuras.

Obrigado e boa leitura
Fernando Anselmo

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Opúsculo

Não, o título não está errado, e deixe-me esclarecê-lo com um trecho do livro: "CAMINHAMOS JUNTOS, NOSSOS DEDOS INDICADORES romanticamente entrelaçados. O cemitério crescia à nossa frente, encoberto pelo escuro nevoeiro da noite, iluminado somente por um facho de luar. Crepúsculo! Quero dizer, Opúsculo." Espero que não leve este livro muito a sério pois foi escrito por The Harvard Lampoon que é uma revista de humor e sátira ligada à Universidade de Harvard.


Opúsculo - A Paródia
Autor: The Harvard Lampoon
Título Original: Nightlight 

Posso dizer que este é um livro bem curto (com apenas 142 páginas) mas bem agradável, principalmente se leu o livro Crepúsculo. Como no livro original, aqui temos a narração da jovem Belle Goose e dos momentos vividos ao se mudar para a pequena cidade de Switchblade e está louca para encontrar com Vampiros. Na escola ela conhece o misterioso Edwart Mullen, que como diz Belle: "Edwart. Eu nunca havia conhecido um rapaz chamado Edwart antes. Na verdade nunca tinha conhecido qualquer ser humano chamado Edwart. Era um nome que soava engraçado. Muito mais divertido que Edward". O mais interessante é que ficamos sem saber se Edwart é ou não um Vampiro principalmente com as conclusões de Belle: "Sentei-me no chão da enfermaria e assumi uma postura de meditação, minhas mãos pousadas com as palmas para cima sobre minhas pernas cruzadas. Comecei a murmurar - Ommm. Minha mente estava trabalhando rapidamente: aquela coisa vermelha na boca de Edwart, sua chegada com atraso á aula durante o laboratório de sangue, os morcegos, Transilvânia... Não fazia sentido. Pensei mais. Tomei um refresco de fruta de garrafinha. Pensei um pouco mais. Então, de repente, lembrei-me do acidente, e do corpo á prova de neve de Edwart, e de seus olhos que mudavam de sei-lá-que-cor para verde, e eu descobri. SIM! VAMPIRO!".

O livro não é nenhuma obra de literatura mas pelo menos conseguiu me arrancar bastantes risadas com alguns momentos totalmente inusitados, principalmente porque vou confessar que li todos os livros da saga Crepúsculo o que me fez rir ainda mais comparando. Agora fica um aviso, se é fã da série original de Stephenie Meyer recomendo que passe muito longe desse livro e se resolver lê-lo imagine algo como as paródias dos filmes da série "Todo Mundo em Pânico".

O que mais gostei neste livro é que do meio em diante fica totalmente imprevisível com a mudança do roteiro do livro original, e inclusive me fez lembrar um antigo filme de Roman Polanski "A Dança dos Vampiros" (The Fearless Vampire Killers - 1967). É um livro para tirar totalmente o mau humor e não espere rir a cântaros, mas pelo menos espere uma leitura agradável e divertida.

Obrigado e boa leitura
Fernando Anselmo



sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Androides sonham com ovelhas elétricas?

Sou um leitor aficionado e neste ano consegui cumprir minha meta de pelo menos 50 livros lidos. Só que ficou um vazio como se faltasse algo, depois de muito pensar cheguei a conclusão que faltou compartilhar ideias com as pessoas. Este blog foi criado para isso compartilhar minhas ideias. Não pretendo vender livros, criticá-los, resumi-los de forma que não precisem ser lidos ou exaltá-los. Simplesmente desejo compartilhar ideias enquanto estiver lendo um livro. Sinceramente acho que livros são portais dimensionais, me leva a um novo mundo, me deixa feliz, triste, esperançoso e mesmo raivoso ou pensativo.


Androides sonham com ovelhas elétricas?
Autor: Philip K. Dick
Título Original: Do Androids Dream of Electric Sheep?

Provavelmente achava que estava lendo mais um livro de Ficção Científica (gênero que adoro), o que não sabia é que estava lendo o livro que deu a ideia para o clássico "Blade Runner - O Caçador de Androides" a princípio nem se imagina pois o personagem principal, Rick Deckard é casado, vive em um futuro pós guerra nuclear e possui uma Ovelha Elétrica que está com problemas, logo nas páginas iniciais é palpável a fixação do personagem por animais (a grande maioria comprado a peso de ouro e símbolo de status), o filme começa a aparecer quando o personagem que é um "Caçador de Bonificações" vai em uma grande companhia que criou os Nexus 6 (uma raça especial de androides) para obter informações, na companhia encontra-se com Rachael e vai fazer um teste de empatia de Voigt-Kampff com ela para saber se é humana ou não, além de Rick ficar muito admirado com uma coruja.

A ideia central do livro passa não pelos androides ou tempo de vida desses (como no filme) mas pelos animais que estão desaparecendo do mundo devido a constante chuva radioativa, além disso os novos animais sintéticos são extremamente perfeitos. Também bem diferente do filme, observa-se uma desolação do mundo, prédios inteiros abandonados e as pessoas ocupam andares inteiros, explica-se no livro que a grande maioria das pessoas adoeceram ou migraram para outros planetas, o mais incrível é que toda a ação do livro se passa no ano de 1992 (o livro foi escrito em 1968). Em todo o livro não se sente qualquer esperança de uma solução, muito pelo contrário é mostrado claramente o quanto podemos arrasar com o planeta inteiro. Uma das cenas que mais chama a atenção é quando uma Androide acha uma aranha e fica curiosa porque ela tem oito patas e começa a dizer que poderia muito bem ter quatro que andaria sem o menor problema e simplesmente (com um cortador de unhas) começa a amputar as patas do pobre animal.

Assim como o filme, o livro mostra muito bem a preocupação por um futuro sombrio da humanidade onde a grande maioria das raças de animais estão extintas e o ser humano começa a correr o risco de ser substituído por Androides.

Obrigado e boa leitura
Fernando Anselmo